"A Wolken não é uma marca tradicional de moda. Acreditamos que moda é mais do que vestimenta ou breves adereços de estações de ano. Moda é saber fazer. Moda é erudição, é construção, moda é manifesto. E é hoje a bandeira individual mais importante de um coletivo. Por isso, não esperem de nós nenhum "How To" ou "Certo e Errado". Espere da Wolken processo construtivo e criatividade a favor da liberdade e da formação de uma identidade individual dos nossos clientes”.
Nossa história com a sapataria começou com os nossos avós, somos netas de sapateiros. Foram eles que nos ensinaram, dentro de suas oficinas, que o maior erro do designer está em mirar para a solução sem, antes, encarar o problema.
Sobre os nossos pais, não poderiam ser diferentes, senão mestres construtores. Fizeram parte da chamada “Geração de 45”, a geração que representou a Terceira Fase Modernista Brasileira (1945-1980), marcada pelo nacionalismo e pelo regionalismo, e que contribuiu muito para a formação de nossa identidade cultural. Através de seus críticos olhares e doloridas réguas, aprendemos que o “design só começa quando a engenharia termina” e que João Cabral de Melo, o “poeta engenheiro”, é o mais notável autor brasileiro.
Apesar de vidas geograficamente distantes, nossas histórias são muito parecidas. Sim, éramos apaixonada pela criação, mas jamais tanto quanto pela construção, pela matemática por trás de cada ideia. Buscamos carreiras na economia, na administração, no mercado financeiro. Mas a nossa essência, mais construtiva do que criativa, falava mais alto. Era como se o chamado dos nossos avós fosse tão mais estridente quanto o ponto que batíamos todos os dias nos nossos empregadores.
A decisão de ouvirmos os nossos chamados individuais foi o que nos uniu. Uniu nossos sonhos, nossas vidas, uniu nossas histórias e famílias. Nos conhecemos em uma das muitas escolas de sapataria que percorremos pelo mundo. E, desde o primeiro “ufa, enfim uma brasileira!”, nós nunca mais nos separamos.
Influenciadas pelos princípios estratégicos das nossas primeiras academias, desenhamos juntas o roteiro perfeito para entender a essência construtiva e estética do Brasil e do brasileiro, precisávamos percorrer os lugares que influenciaram a nossa história e que influenciam até hoje a nossa cultura e estilo de vida.
Começamos nossa jornada de estudos pela Alemanha, na nossa essência familiar, no berço do processo construtivo moderno funcional. Era preciso ir mais fundo na cartilha dos nossos pais e compreender todos os motivos pelo qual essa estética influenciou, não somente as nossas histórias pessoais mas, toda uma geração, uma nação, toda uma academia de arte e que ajudou a construir grande parte do design nacional.
Apenas deslocadas de nossa terra natal, pudemos enxergar as influências dessa cultura em tudo o que vemos e vivemos durante toda a vida. Das obras de Oscar Niemeyer, com suas formas geométricas e arredondadas, até as cores brancas utilizadas na construção de Brasília. Da arquitetura do Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, até o Estádio do Pacaembu, em São Paulo. Do Elevador Lacerda, em Salvador, até o concreto cinza e bruto envolto por grandes panos de vidro do Masp. Fomos as duas, dia a dia, uma vida inteira, inspiradas por esse movimento sem ao menos conhecê-lo.
Foi na Alemanha que nos encontramos Brasileiras.
Logo depois, partimos para a Itália, o oposto de tudo o que estávamos vendo mas, não menos, fundamental para o nosso processo de pesquisa e graduação. O Brasil é o país com o maior número de descendentes italianos do mundo, são cerca de 30 milhões de brasileiros descendentes hoje. Ou seja, precisávamos compreender um outro lado do brasileiro, o lado do desejo. E como ele se relaciona com essa que também é a sua referência cultural e estética. Foi delicioso viver o design fatal e tempestuoso italiano.
Apesar de anos estudando e construindo o que chamamos de “Indicadores Externos Cartilha-Brasil Wolken”, foi necessário melhorar o resultado dessa cartilha, criando mais um indicador, dessa vez, considerando fatores internos brasileiros: sociais e culturais. Em 2012 abrimos o capítulo “Indicadores Internos Cartilha-Brasil Wolken” e, junto com esse capítulo, abrimos também o Laboratório de Pesquisa Wolken em Pinheiros. Era o nosso laboratório de estudo disfarçado de loja.
A escolha do bairro Pinheiros também foi estratégica. Era necessário que estivéssemos ao lado dos nossos clientes, ou melhor, no meio do percurso deles: do trabalho para casa, da casa para o trabalho. Só assim entenderíamos a sua relação com a cidade, com o meio de transporte, com o clima, com a geografia e, por fim, com o seu calçado. E é Pinheiros o bairro que abrange as mais diversas modalidades de transporte público da cidade de São Paulo.
Ao longo desses 6 anos de pesquisas e estudos do Laboratório de Pesquisa Wolken, tivemos a honra de contar com:
- 65.700 clientes ou, melhor, professores;
- 293 visitas a artesãos locais, em Franca e em outras cidades;
- 14.500 sapatos desenhados e projetados.
- 8.560 pares de sapatos desenvolvidos e testados por nossos professores;
- + de 17.700 Indicadores de Melhorias, seja em Desempenho Construtivo, Ocorrência de Erros, Monitoramento de Qualidade e de Tendência.
Apenas hoje, mês #4 de 2019, no ano do Centenário da Escola Bauhaus, escola que nos inspirou lá atrás. Podemos dizer, com muito prazer e com muita honra que desenvolvemos critérios suficientes para desenvolver um dos melhores produtos da sapataria nacional. Podemos dizer, enfim, que estamos prontas.
Prontas para iniciar o propósito final de nossa jornada de estudos: a união entre as atividades plásticas e construtivas, a união entre engenharia e arte, a união entre razão e emoção.
Somos a paixão pela Academia e o amor pelo Design Brasileiro. Muito prazer, Somos a Wolken.